FEMINISTA ser ou não ser?! Eis a questão!
- thaismendesm
- 9 de ago. de 2019
- 5 min de leitura
Seguindo alguns dados do nosso contexto histórico as mulheres conquistaram o direito ao voto em 1897, depois de 21 anos de luta por este direito, até 1977 mulheres não podiam se divorciar, mesmo comprovando que teriam sido agredidas, traídas ou que não quisessem mais permanecer em um relacionamento. Ainda hoje os dados não são positivos mundialmente, no Brasil que é o 5º pais mais populoso do mundo e as mulheres são mais da metade da população, as mulheres ocupam apenas 15% dos assentos no congresso, ganham 23% a menos que os homens e é o 5º pais no ranking mundial de feminicídio.
Mas, o que é mesmo o feminismo?
Para Alves e Pitangury (2017) “O feminismo busca repensar e recriar a identidade de sexo sob uma ótica em que o indivíduo, seja ele homem ou mulher, não tenha que adaptar-se a modelos hierarquizados, e onde as qualidades “femininas” ou “masculinas” sejam atributos do ser humano em sua global idade. Que a afetividade, a emoção, a ternura possam aflorar sem constrangimento nos homens e serem vivenciadas, nas mulheres, como atributos não desvalorizados. Que as diferenças entre os sexos não se traduzam em relações de poder que permeiam a vida de homens e mulheres em todas as suas dimensões: no trabalho, na participação política, na esfera familiar etc.”
Privilégio x Direito?
Há quem diga que mulheres querem ser privilegiadas, e há quem afirme que o feminismo é a busca por seus direitos. Não estamos aqui julgando a maneira como você vê o feminismo, não se preocupe! Julgamentos não fazem parte da ética profissional do Psicólogo.
O feminismo não existe para que possamos dizer que MULHERES podem fazer tudo que um HOMEM faz, mas sim para que possamos fazer o que NÓS MULHERES queremos fazer.
Há controvérsias... Sempre houve, e a utilização de forma errônea ao termo feminismo, torna as traduções do movimento muitas vezes “marginalizada”, expressar seu ponto de vista de forma violenta, é totalmente o contrário do que o feminismo acredita. Expressar-se e poder se expressar, essa é a jogada, entende?
Em 2004 o governo federal convocou a I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (I CNPM), com o intuito de elaborar através da interlocução com a sociedade civil, o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM). Esta I Conferência, contou com a participação de cerca de 120 mil mulheres de diversos segmentos, tais como Organizações Não Governamentais, Universidades públicas e particulares. Com base nas resoluções desta Conferência, cujo tema foi “Políticas para as Mulheres – Um desafio para a igualdade numa perspectiva de gênero,” foi organizado o referido Plano, que tem por objetivo a efetivação dos direitos das mulheres. As ações previstas no PNPM envolvem quatro eixos de atuação, quais sejam:
1) Autonomia, Igualdade no Mundo do trabalho e Cidadania, que envolve 76 ações e 5 prioridades;
2) Educação inclusiva e não sexista, que abarca 32 ações e 5 prioridades;
3) Saúde das Mulheres, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, que contempla 39 ações e 6 prioridades; e,
4) Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, que engloba 31 ações e 7 prioridades.
(Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres, 2006)
O ano era 2004, e porque nada deste tipo foi feito ou realizado anteriormente? Fica como um questionamento a ser respondido posteriormente.
Em uma época de inseguranças e de incertezas, características de “nosso líquido mundo moderno” (Bauman, 2004, p. 13). Não podemos mudar os discursos, pois a ciência foi elaborada em cima de muitos discursos, mas podemos concordar ou discordar dos mesmos. A ciência é tomada por uma verdade absoluta, até que provem o contrário...
Não considere este texto como um incentivo, mas sim como um informativo, uma vez que, para dizer que gostamos ou não de algo, é preciso experimentar, para falar se é contra ou a favor, é necessário conhecer.
Vamos citar algumas ideias erradas que estão em torno do feminismo:
· Feministas não se depilam;
· Feministas odeiam homens;
· Feministas não são femininas;
· Feminismo é 'mimimi'.
Se você acha que essas frases são verdades, talvez eu ainda não tenha atingido um dos meus propósitos aqui. Mas aproveito a oportunidade para lembrar... É SOBRE LIBERDADE DE ESCOLHA, SOBRE SÍ, SOBRE SEU CORPO, SOBRE SUA VIDA. SIM, SUA VIDA.
Onde entra a psicologia nisso tudo?
A psicologia presta um serviço à população, assim como, ajuda o ser humano a elaborar melhor suas crenças limitantes. Você não é obrigado a gostar, mas sim respeitar e procurar entender, por diversas vezes nossas crenças que são enraizadas não nos permitem enxergar com clareza certas situações. E nesse sentido o psicólogo é fundamental, não no sentido de impor, mas de abrir novas perspectivas.
O psicólogo pode usar sua presença na mídia de uma forma relevante, mas deve se preocupar em levar os conhecimentos da Psicologia à população de forma clara e correta.
A articulação entre feminismo e psicologia é relevante na medida em que esclarece o entrelaçamento das normas culturais da construção dos gêneros e suas restrições à produção de masculinidades e feminilidades, com as subjetividades e, consequentemente, com o adoecimento psíquico e a perpetuação da tolerância a situações abusivas. A proposta de uma psicologia feminista contribui para o rompimento dessas restrições de subjetivação, criando a ideia de liberdade e de espaços alternativos de ressignificação das experiências. (Timm et. al, 2011)
A liberdade de ser quem você é, é um exercício que a psicologia pode te ajudar a realizar, pensando nesse sentido a psicologia permite à permitir-se.
Alinhar psicologia com temas tão atuais não é difícil, mas o saber psicológico enquanto ciência ainda tem um longo caminho a percorrer, sim, já existe psicologia feminista, mas é uma vertente pouco conhecida e que talvez confunda quem não conhece, mas ao longo dos nossos assuntos, quem sabe podemos abordar mais sobre?!
A posição em que você deve se colocar é a mesma que nós profissionais devemos ter, de não julgar, principalmente quando alguém lhe diz ser feminista, porque o feminismo é um conjunto de propósitos e movimento em direção à não igualdade, mas sim respeito as diferenças, à liberdade de expressão e de ser quem você é e como quer.
Você não é obrigada(o) a ser feminista, nem eu sou, mas basta termos consciência que todos os movimentos que lutam por direitos e liberdade devem ser no mínimo respeitados. Mas se você estiver em um bom dia, que tal ouvir também o que eles tem a dizer?! Concordamos que todos merecem uma oportunidade.
Muito do que eu escrevo tem muito de mim, que fique claro! A ideologia feminista pode levar a vários entendimentos, mas queremos aqui problematizar sem complicar, falar do que não se falar e falar sobre tudo que é importante...
E se você veio até aqui, eu já me sinto feliz porque acredito que estou no caminho certo.

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