Suicídio: por quê precisamos falar sobre o assunto?!
- thaismendesm
- 18 de ago. de 2019
- 5 min de leitura
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (World Health Organization - WHO, 2010), o suicídio constitui-se, atualmente, em um problema de saúde pública mundial, pois está, em muitos países, entre as três principais causas de morte entre indivíduos de 15 a 44 anos e é a segunda principal causa de morte entre indivíduos de 10 a 24 anos. A cada ano, aproximadamente um milhão de pessoas morrem devido ao suicídio no mundo, o que representa uma morte a cada 40 segundos. No ano 2000, cerca de um milhão de pessoas em todo o mundo cometeram suicídio (WHO, 2010). No Brasil, no ano de 2005, foram registrados oficialmente 8550 suicídios, o que representa uma morte a cada hora diariamente (Ministério da Saúde, 2009)
Todos esses dados estatísticos deveriam preocupar, você não acha? Ainda assim, existem muitas pessoas que chamam isso de frescura, de fraqueza e rotulam esta atitude como um ato para “chamar atenção”. Mas se fosse para chamar atenção, porque a pessoa cometeria suicídio? Se após o ato ela não estaria aqui para receber tal “atenção”. Raciocínio lógico é o mínimo que pedimos aqui.
Este texto poderia ser somente a título de informação, mas não, preciso que ele também sirva de alerta e conscientização. Procuro sempre usar minhas palavras para o bem e transmitir pra vocês tudo que possa ajudar conforme a situação. Neste caso, vamos falar um pouco sobre os motivos? Talvez não haja motivos aparentes, a pessoa que pensa em cometer suicídio acredita ser imperceptível, pensa que ninguém se importa e que não irá fazer falta. E por muitas vezes, nós, na correria diária, sempre em busca de resolução de problemas, pagamento de boletos, ganhar dinheiro e sobreviver ao caos que é viver nos dias de hoje, não notamos o quão perdida aquela pessoa que está próxima se sente.
Se nos propuséssemos a olhar, porque nos dias de hoje, olho no olho é algo raro, quem sabe conseguiríamos perceber alguns sinais... E para te ajudar a ficar atento vamos dar alguns spoilers, uma pessoa em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar a atenção, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo.
· O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas: Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real.
· Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança: As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos.
· Expressão de ideias ou de intenções suicidas: Fiquem atentos para os comentários abaixo. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes são ignorados: "Vou desaparecer.” “Vou deixar vocês em paz.” “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.” “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar.”
· Isolamento: As pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam e gostavam de fazer.
· Outros fatores: Perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes, entre outros podem ser fatores que vulnerabilizam, ainda que não possam ser considerados como determinantes para o suicídio. Sendo assim, devem ser levados em consideração se o indivíduo apresenta outros sinais de alerta para o suicídio.
Seria pedir muito que olhássemos mais uns para os outros? Atualmente estamos todos apenas seguindo o “baile”, e como essa expressão faz sentido agora, não acha? Porque só seguir se podemos agir? Mudar? Melhorar? É pensando nisso que estou escrevendo, para propor que a gente pense em como podemos modificar nossos comportamentos para atingir de forma positiva a vida do outro.
Para além do que estamos dispostos ou podemos ajudar, existe o Centro de Valorização da Vida, o CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. É só ligar 188.

Fonte: Ministério da Saúde
Toda ajuda profissional nesse momento é importante, e se você perceber que não consegue lidar ou ajudar, é interessante que incentive esta pessoa a procurar uma pessoa que possa. E se você se identificou com alguns pensamentos, que tal conversar sobre o assunto?
Vale lembrar que
· O suicídio resulta normalmente da interação de vários fatores e geralmente está associado à depressão.
· Alguns métodos, como o uso de armas de fogo, têm mais probabilidade de resultar em morte, mas a escolha de um método menos letal não significa necessariamente que a intenção foi menos séria.
· Qualquer ameaça ou tentativa de suicídio deve ser levada a sério e ajuda e apoio devem ser providenciados
Ideação suicida é diferente de comportamento suicida, quando falamos em comportamento incluímos a tentativa e o fato consumado e quando falamos em ideação estamos mencionando pensar, considerar ou planejar. Um dos fatores de risco mais comum para o comportamento suicida é a depressão, e a depressão tem ocorrido em faixas etárias cada vez mais baixas, podemos mencionar até crianças com quadros clínicos de depressão, por isso é importante que se conheça, e saiba como lidar. E abordaremos este assunto aqui em outro post, continue acompanhando nosso conteúdo.
No Brasil o mês de Setembro é dedicado a campanha Setembro Amarelo e um dos intuitos da campanha é lembrar que VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO... E nós profissionais da Psicologia salientamos o quão importante é o trabalho realizado em rede, em parceria e com equipes multiprofissionais, para que o ato seja evitado, todos devemos nos unir e começar a apoiar iniciativas de prevenção e conscientização como esta, vamos disponibilizar aqui o link de acesso para maiores informações sobre a campanha https://www.setembroamarelo.com/
Preciso lembrar que os medicamentos em casos específicos como este podem ajudar, mas os sintomas não vão sumir apenas com medicamentos, os nossos pensamentos e ideações continuarão internalizados esperando o momento certo de tornar a consciência novamente. Mais uma vez volto a salientar que o tratamento deve ser realizado também por um psicólogo, em parceria com outros profissionais.
Falar sobre nossos sentimentos deve ser uma prática diária, vamos ensinar nossas crianças a falar sobre, vamos incentivar nossos jovens a se abrirem para conversas sobre, vamos conversar com nossos amigos e familiares sobre e vamos deixar que nossos idosos falem conosco sobre... SAÚDE EMOCIONAL não se compra, lembre-se sempre disso!

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